segunda-feira, 7 de outubro de 2019

O Bar do Teófilo e aquelas noites no Porto Salgado

Naqueles anos era meio que passagem obrigatória pra quem saía de casa à noite nas sextas e sábados. O ano era 2012.
Você rodava a cidade, ia pra uma pizzaria, restaurante, uma festa, mas terminava indo pra lá. O bar - de vida tão curta quanto intensa - fez história na cidade e vale ficar registrado.
A minha primeira e melhor lembrança é das noites de quinta. Tinha karaokê. E karaokê com banda! A banda batizada pelo Teófilo como Toca Tudo Por Dinheiro. Afinal, Padinha, Cezinha e Macarrão tocavam simplesmente qualquer música que o sujeito pedisse. E andava uma turma boa por lá! Era encontro marcado, lugar certo pra gente se ver toda semana.
Naquele tempo me aproximei de Teófilo e Mariana e comecei a fazer os cartazes com a programação semanal do bar. Eu estava começando a me aventurar na fotografia profissional e meu foco eram bandas. Fiz algumas das minhas melhores fotografias de músicos naquela época, que estão, inclusive, há algum tempo reunidas para se tornarem um livro, mas essa é outra história.
Também tinha o Canjão, que era um tipo de palco aberto. Teve o Quartas na Mesa, que era feito por mim e pelo Ithalo, com apoio do Carlos Pontes e do Sebrae. Era basicamente uma quarta cultural, toda semana tinha uma atividade diferente que ia de bate-papo sobre fotografia e música a noite de cinema. Numa delas exibimos Help! dos Beatles.
Teófilo sempre abriu espaço pra quem estava começando, especialmente pra música autoral e naqueles anos, Parnaíba fervia de bandas produzindo suas próprias músicas. Em meio àquilo tudo surgiu o Coletivo Porto Salgado. Uma ideia trazida pelo Teófilo, onde embarcamos eu, Ithalo Furtado, Thiago Meneses, Marcos Fonteles, Kamylla, Dalila Mauler, Janne e mais alguns. O bar era a sede do Coletivo e também o principal local de atividades culturais. E foram muitas. Noites Fora do Eixo, com bandas de tudo que é lugar, eventos solidários como o Natal Fora do Eixo e muitos outros.
Escrevendo isso aqui passa um filme daquela época na cabeça e vejo os rostos das pessoas nas muitas mesas que iam pela rua e até debaixo da ponte; os garçons e garçonetes; aquelas figuras do entorno do Porto que apareciam sempre já meio embrigadas e se faziam de dançarinos ao pé da banda; o Ufal (Guerreiro) que chegava e sentava do lado e já te convencia a deixá-lo te desenhar; o Carlinhos, com aquele massageador de cabeça que já chegava fazendo demonstração e dava um baita susto nos desavisados; o Zé de Maria, que a banda sempre tinha que "incluir" na apresentação pra ele cantar um bluuuuues.
Sério, eu me sentia em casa ali. Foram amizades, romances, parcerias de trabalho. Conheci muita gente interessante que veio pra fazer parte da minha vida mesmo. Ali descobri o que eu gosto mesmo de fazer: trabalhar com arte e cultura.
O Bar Porto Salgado, que todo mundo só conhecia como Bar do Teófilo, teve uma existência tão curta, mas tem tanta história! Coisa pra um livro inteiro. O bar fechou as portas em dezembro de 2012 e deixou um baita vazio nos finais de semana.
E isto aqui é só um pedaço do que lembro (e posso haha) contar daquelas muitas noites que viram o dia chegar ali mesmo pelo Porto das Barcas. São só minhas histórias sobre o Bar do Teófilo, mas tenho certeza que muita gente vai se identificar.
Fica o registro para as futuras gerações.

Fotos: acervo pessoal Alessandra Mota e Mariana Carvalho
Texto: Alessandra Mota


Essa é pra você relembrar do clima gostoso dentro do bar.
Macarrão (Batista), Padinha e Cezinha - a banda Toca Tudo!
Sexta e sábado era de praxe
Guerreiro e seu desenho do Teófilo

Guerreiro em atividade, no bar
Mariana e Teófilo - os donos do bar, no evento Natal Fora do Eixo, dez/2012


O Bar do Teófilo e aquelas noites no Porto Salgado

Naqueles anos era meio que passagem obrigatória pra quem saía de casa à noite nas sextas e sábados. O ano era 2012. Você rodava a cidade, ...